Migramos o blog


Olá amigos agradeço a todos que nos acompanhou até aqui por isso para melhor administramos e atender aos leitores visando segurança e qualidade migramos o nosso blog para:

http://ebdconnect.wordpress.com/

todas as nossas postagens até aqui estão todas lá, a partir deste momento todas as novidades estarão postadas por lá aguardamos a sua visita e será um prazer ter vocês conosco lá.

O Perfil do Superintendente de Escola Dominical

Published by . under ,


2° Parte
II – O SUPERINTENDENTE COMO EDUCADOR  

Nos círculos pentecostais, há quase três décadas, o teólogo e educador cristão, pastor Antonio Gilberto, já dizia que as “leis da aprendizagem não são invenção humana; são leis e princípios imanentes ao ser humano”. No mesmo texto, ele completou seu raciocínio dizendo que “as leis do ensino e da aprendizagem são universais e imutáveis, quer se trate do campo de ação secular ou religioso”.4 Isso significa que é preciso conhecer de educação para efetivamente cumprir a missão de escola que pesa sobre a Escola Dominical. A maioria de nós acredita que falar é sinônimo de ensinar, quando na realidade muitas e grandes lições são aprendidas com a observação dos exemplos daqueles que nos ensinam. O grave problema é que muitas dessas lições são negativas! Deixando de lado essa questão do exemplo, é preciso que o superintendente conheça sobre o processo de transmissão-assimilação ou ensino-aprendizagem, pois sem esse saber é praticamente impossível dar um caráter educativo, de fato, à Escola Dominical.


Evidentemente que, partindo de uma visão que tenho defendido em minha obra Marketing para a Escola Dominical5, o superintendente não precisa ser o responsável único por orientações permanentes relacionadas à educação no âmbito da Escola Dominical. Pensar isso seria um desastre, pois é impossível que o superintendente, dependendo do tamanho e da quantidade de docentes em uma Escola Dominical, consiga oferecer um atendimento satisfatório nesse particular. A única coisa que não pode acontecer, é o “acessório” tomar o lugar do “básico”. É o que Dermeval Saviani quer dizer quando afirma que “certas características, certas funções clássicas da escola [...] não podem ser perdidas de vista porque, do contrário, acabamos invertendo o sentido da escola e considerando questões secundárias e acidentais como principais, passando para o plano secundário aspectos principais da escola”.6

Era justamente por isso que o já citado educador e teólogo Antonio Gilberto, dizia em resposta à absurda objeção de a CPAD possuir um currículo infanto-juvenil: “O real benefício do texto áureo não está no fato de recitá-lo em conjunto na Escola Dominical reunida, mas no ensino bíblico nele contido e assimilado pelo aluno, e isso deve ser feito de acordo com a faixa de idade”.7 Por incrível que pareça, havia restrições quanto ao avanço da Educação Cristã nas Assembleias de Deus por conta do tradicionalismo de todos os alunos recitarem o texto áureo no término da aula! A conclusão do educador não poderia ser mais acertada, ou seja, de nada adianta falar o mesmo texto áureo — o que significa que a lição era a mesma para todos, fossem crianças, adolescentes ou adultos —, mas na assimilação do conteúdo bíblico apropriado a cada faixa etária. Mesmo após essa asseveração, ele ainda advertia: “Podemos nos esforçar muito e ensinar pouco ou nada, se não soubermos ensinar”.8 O que ele estava dizendo é que por tratar-se de Educação Cristã e de o conteúdo ser a Bíblia, não se pode imaginar que o educador obterá êxito automaticamente. É preciso dispor do conhecimento necessário do processo de educação.

III – O SUPERINTENDENTE COMO TEÓLOGO

Sendo a Escola Dominical uma instituição que lida diretamente com a Palavra de Deus, é mesmo uma obrigação e uma questão de moral que quem nela atua como seu diretor seja o maior interessado no estudo teológico. Isso porque, como disse C. S. Lewis, a teologia nada mais é do que “a série de afirmações sistemáticas acerca de Deus”.9 Aliás, todos — indistintamente —, ao testemunhar, pregar ou ensinar somos teólogos e demonstramos uma teologia. Ao dizer que Deus criou todas as coisas (inclusive Lúcifer), e que devido a Queda enviou Jesus Cristo para reconciliar o mundo com Ele, já há teologia envolvida na discussão. A grande dúvida então não é se teologia é importante ou não, mas que tipo de teologia está sendo reproduzida nas classes de Escola Dominical a cada domingo. Na realidade, mesmo sem perceber (e nisso consiste o problema!), a cada nova aula ou estudo bíblico, reflexões e insights teológicos são produzidos.

Qualquer que seja a concepção de Educação Cristã que a igreja (denominação ou ministério) possui conta com uma fundamentação teológica. Assim, se quiser obter êxito em sua efetivação, precisa refletir sobre as questões cruciais que a fundamentam. O doutor em Educação Cristã, Lawrence Richards, apresenta, a partir de uma primeira indagação, algumas perguntas que lançam luz sobre esse assunto: “Onde devemos começar nossas reflexões sobre a educação cristã?” E na sequência responde: “O ponto crucial são nossas predisposições. O que significa para nós ser ‘cristão’? Crer em certas coisas? Ter certos valores morais? Comportar-se de certa maneira? Ou há algo além disto, alguma essência que defina o que nós somos?”.10 Uma vez que esteja claro que a humanidade é criação de Deus, que pecou e nada pode fazer para reatar esse relacionamento a não ser aceitar o sacrifício de Cristo (Jo 1.9-13; 3.16) e daí em diante dar prosseguimento ao processo iniciado na conversão (Ef 4.12-16). Esse processo inclui o aprendizado e, consequentemente, a transformação paulatina, contínua e ininterrupta do ser humano, visando moldá-lo de acordo com o caráter de Cristo (“a perfeita varonilidade” cf. Ef 4.13). Assim, como disse A. W. Tozer, sendo “nós o que somos, e todas as demais coisas sendo o que são, o mais importante estudo a que qualquer de nós pode aplicar-se é, incontestavelmente, o estudo da teologia”.11

Com esse entendimento, é possível saber o porquê de as igrejas locais terem ficado reféns de mensagens e ensinamentos totalmente estranhos à verdade escriturística. A internet, conquanto tenha trazido inúmeros benefícios, causa problemas com a postura especulativa ou de acomodação de alguns professores que não mais desenvolve uma pesquisa em fontes confiáveis, mas baixa da grande rede tudo que diz respeito ao tema sem, contudo, fazer uma triagem à luz da Bíblia, das informações que absorvem. Com o objetivo de proteger a Escola Dominical e o que nela se ensina, é que o superintendente necessita de um amplo conhecimento teológico. Em radiografia e análise precisas do contexto atual, Alderi Souza Matos, doutor em história da igreja, em artigo intitulado “Flertando com o adversário: os evangélicos e a teologia liberal”, concluiu o seguinte:

A mentalidade pós-moderna se caracteriza pelo pluralismo, o relativismo e o abandono de valores absolutos. No desejo de ser relevante, atual e sintonizada com o mundo, a igreja corre o risco de fazer concessões excessivas à sociedade e à cultura, comprometendo a integridade do evangelho da graça. Nesse contexto, a teologia é um dos recursos mais essenciais para a vitalidade do povo de Deus. Se ela for desprezada, a vida devocional, o culto comunitário, o senso de missão e o testemunho da fé perdem sua solidez e coerência. Por sua vez, sem olhar atentamente para a Escritura, a história da igreja e as contribuições do passado, a reflexão teológica se torna refém das opiniões subjetivas, dos modismos flutuantes e dos ditames culturais de cada geração. Que as igrejas evangélicas do Brasil possam retornar às suas raízes, à herança dos reformadores, aplicando-a com fidelidade, sabedoria e sensibilidade aos complexos problemas e carências dos dias atuais.12


Esse é o desafio que se nos apresenta os novos tempos. Daí o porquê de a Escola Dominical necessitar de um acompanhamento que seja, de fato, teológico e não meramente denominacional. Aliás, a super-ênfase dada aos costumes denominacionais criou a falsa ideia de que a preservação da identidade da igreja estava restrita a esse aspecto. Quando os novos tempos chegaram e os costumes foram sendo banidos ou levados pela correnteza das mudanças sociais, restou um vazio que passou a ser preenchido com um evangelho de satisfação e gratificação imediatas, perdendo todo o seu nexo com o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. Se não há utilidade em uma teoria que não seja possível colocar em prática — perdoe-me o simplismo — não existe uma única prática desprovida de teoria. O fato de as práticas serem vivenciadas sem essa consciência, só as tornam ainda piores, pois as pessoas seguem o fluxo sem perceberem e ainda acham que suas decisões são “livres”. Diante desse quadro, é inevitável o resgate do estudo teológico que auxiliará na avaliação de nossas práticas vivenciais, relacionais, litúrgicas, devocionais e religiosas.

NOTAS

4 GILBERTO, Antonio. Artigo: Novo plano de revistas da Escola Dominical. Mensageiro da Paz. Ano III, n. 1151. Rio de Janeiro: CPAD, março de 1983, p.22.   
5 CARVALHO, César Moisés. Marketing para a Escola Dominical. Como atrair, conquistar e manter alunos na Escola Dominical. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp.123-31.
6 SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica. 8.ed. São Paulo: Autores Associados, 2003, pp.101-2.
7 GILBERTO, Antonio. Artigo: Novo plano de revistas da Escola Dominical. Mensageiro da Paz. Ano III, n. 1151. Rio de Janeiro: CPAD, março de 1983, p.22.
8 Ibid.
9 LEWIS, C. S. O Peso de Glória. 1.ed. São Paulo: Vida, 2008, p.113.
10 RICHARDS, Lawrence O. Teologia da Educação Cristã. 3.ed. São Paulo: Vida Nova, 1996, p.11.
11 TOZER, A. W. Esse cristão incrível. A vida cristã vitoriosa. 2.ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p.76.
12 MATOS, Alderi Souza de. Artigo: Flertando com o adversário: os evangélicos e a teologia liberal. Ultimato. Ano XLIII, n. 324. Viçosa: Ultimato, maio-junho 2010, p.61.


No responses yet

Radio Vox Dey

LEIA GRATIS A REVISTA ABNB

Conheça a SBB

SBB Notícias

Followers