Texto Áureo: I Sm. 15.22
– Leitura Bíblica: Mq. 1.1-5; 6.6-8
Prof. José Roberto A. Barbosa
INTRODUÇÃO
Uma das declarações comumente repetidas da Bíblia se encontra em I Sm.
15.22 “eis que obedecer é melhor do que o sacrificar”. Miquéias, através da
mensagem profética, chama a atenção a esse respeito. Para aprendermos a
respeito desse assunto, estudaremos, na aula de hoje, sobre a importância da
obediência. Inicialmente apontaremos os aspectos contextuais de Miquéias, em
seguida sua mensagem, e por último, a aplicação para a igreja contemporânea.
1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
Miquéias, cujo nome
significa “quem é como Deus?”, natural de Moresete, nas proximidades de Gate,
cerca de 32 quilômetros a sudoeste de Jerusalém, profetizou para Israel (Reino
do Norte) e Judá (Reino do Sul). Miquéias foi contemporâneo do profeta Isaias,
o estilo inclusive assemelham-se. O propósito central do seu livro é mostrar ao
povo que o julgamento de Deus estaria próximo, bem como o perdão divino para
aqueles que se arrependessem dos seus pecados e se dispusessem a obedecer a
Palavra do Senhor. O versículo-chave do livro se encontra em Mq. 6.8: “Ele te
declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que
pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu
Deus?”. O livro foi escrito por volta de 742 a 687 a. C., durante os reinados
de Jotão, Acaz e Ezequias, em um período de prosperidade sem precedentes, mas
politicamente conturbado, registrado em II Rs. 15-20 e II Cr. 26 -30. Israel e
Judá viviam com base na ostentação, davam pouco interesse a Deus. Enquanto isso
Tiglate-Pileser III (745-727) expandia o território da Assíria, que viria a se
tornar uma potência mundial. A mensagem é caracteristicamente poética,
constituindo-se em um clássico da literatura hebraica, repleta de paralelismos.
O livro pode ser assim dividido: 1) o julgamento que virá sobre o povo
e a liderança (Mq. 1-3); 2) a restauração que virá através do reino do
Messias (Mq. 4-5); e 3) dois apelos ao arrependimento e a promessa de salvação
de Deus (Mq. 6,7).
2. A MENSAGEM DE MIQUÉIAS
O profeta inicia sua mensagem descrevendo o julgamento que sobreviria
sobre Samaria, a capital de Israel. Ainda que este seja temível, deveria ser
visto como parte da justiça divina, pois Seus atos são corretos (M1.1.1-16). Um
dos pecados do povo era social, pois os ricos defraudavam os mais pobres,
arrebatavam as suas terras, causando fome e necessidade (Mq. 2.1-5). Os falsos
profetas se levantaram contra o profeta de Deus, motivados por interesses
financeiros, já que recebiam salários dos líderes corruptos (Mq. 2.6-11). Essa
liderança corrupta, juntamente com os religiosos, ignorava a justiça divina, e
proclamava uma paz aparente (Mq. 3.1-12). Mesmo assim, o juízo de Deus
sobreviria sobre a nação, mas Ele não permitiria que Seu povo fosse totalmente
destruído. Haveria esperança, pois no futuro haverá um mundo onde reinará a
verdadeira paz, em que não haverá mais guerra (Mq. 4.1-4). Um Rei, que nasceria
em Belém (Mq. 5.1-4), triunfará, depois que o povo for purificado pelo castigo,
uma alusão ao período da Tribulação (Mq. 5.5-15). Esse Rei é Jesus, que nasceu
em Belém (Lc. 2.4-7), e que no futuro virá como o Príncipe da Paz (Is. 6.9; Ap.
19-22). Antes disso Israel precisará se arrepender dos seus pecados (Mq.
6.1-2), fazer o bem e andar humildemente diante do Senhor (Mq. 6.3-8), pois
Deus não terá o culpado por inocente (Mq. 6.9-16). Miquéias lamentou a derrota
de Israel e a corrupção da sociedade na qual vivia (Mq. 7.1-7), mas concluiu
com uma mensagem de esperança, pois um dia a nação se voltará para o Senhor
(Mq. 7.11-17). O Deus de Israel é compassivo e perdoador, e fiel para cumprir as
Suas promessas (Mq. 7.18-20).
3. PARA HOJE
Miquéias tem muito a dizer para a igreja destes dias, a começar pelo
seu nome: Quem é igual a Deus?. Essa é uma pergunta que as igrejas evangélicas
precisam fazer constantemente. De vez em quando esquecemos que Deus exige
exclusividade, e O substituímos por ídolos (Mt. 4.10). As seduções do presente
século estão conquistando muitas igrejas, que estão se distanciando dos
princípios bíblicos (Gl. 1.7-9). A corrupção está invadindo muitas igrejas
evangélicas, a liderança, a fim de tirar proveito financeiro, está fazendo
concessões com a verdade (Ap. 2.10,15). A mensagem de Deus continua sendo a
mesma, por isso não podemos deixar de fazer o bem (Gl. 6.9). Esta geração volúvel
precisa aprender a se manter firme e constante na obra do Senhor, ciente que
tudo o que fazemos para Ele não é vão (I Co. 15.58). A sociedade moderna
endeusou o dinheiro, não busca outra coisa senão a prosperidade financeira (Mt.
6.24). Mas a igreja, em obediência à Palavra de Deus, deve ser rica perante
Deus (Lc. 12.16-21), e não se fundamentar nas riquezas materiais (Ap. 3.17,18).
Ao invés de pactuar com a corrupção, deverá denunciá-la, somente assim estará
cumprindo seu ministério profético (I Tm. 3.15). O reino da igreja não é deste
mundo, pois Jesus, o Rei dos reis, que nasceu em Belém, já governa sobre seus
súditos (Jo.18.36). Ele também é o Bom Pastor, pois entregou Sua vida pelas
ovelhas, e as conhece individualmente, chamando-as pelo nome (Jo. 10.11-14).
Suas ovelhas O obedecem, pois escutam a Sua voz, nela se comprazem, sabem que
nEle há vida abundante (Jo. 10.4,10).
CONCLUSÃO
O Senhor é o nosso Pastor, por isso de nada temos falta, Ele nos é
suficiente (Sl. 23.1). Essa agradável revelação nos motiva à obediência, não como
um fardo pesado a ser carregado, mas por amor (Jo. 14.21). A obediência a Deus
é resultado de um andar constante com Deus, por meio do qual o Espírito Santo
produz o Seu fruto (Gl. 5.22). Aqueles que seguem por esse caminho não estão
imunes ao pecado, mas quando pecam, se arrependem e o confessam, buscando o
Senhor, que é misericordioso para perdoar (I Jo. 1.9; 2.1).
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids:
Bakerbooks, 2006.
BAKER, D. W.,
ALEXANDER, T. D. STURZ, R. J. Obadias,
Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: introdução e comentário. São
Paulo: Vida Nova, 2001.
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